COMPLEXO E CHEIO DE EASTER-EGGS,
"OS CRIMES DE GRINDEWALD" VÃO
TE IMPRESSIONAR
Newt Scamander reencontra os queridos amigos Tina Goldstein,
Queenie Goldstein e Jacob Kowalski. Ele é recrutado pelo seu antigo professor
em Hogwarts, Alvo Dumbledore, para enfrentar o terrível bruxo das trevas
Gellert Grindelwald, que escapou da custódia da Macusa (Congresso Mágico dos
EUA) e reúne seguidores, dividindo o mundo entre seres de magos sangue puro e
seres não-mágicos. E toda essa mágica história acontecerá em Paris.
Finalmente estreou em todo o Brasil o segundo filme da
franquia “Animais Fantásticos”, intitulado “Os crimes de Grindewald”. O longa é
o segundo de um total de cinco filmes dessa extensão do universo mágico de
Harry Potter e utiliza as suas mais de duas horas de duração para expandir
ainda mais o mundo criado por J.K Rowling, além de trazer novos personagens,
intrigas, romances, e é claro, muita magia de primeira qualidade.
Mas qual o veredito do longa que vem dividindo opiniões do
público e da crítica?
Bom, para começarmos a falar de “Animais Fantásticos: Os
Crimes de Grindewald”, temos que adiantar que é um filme extremamente focado em
quem é (assim como eu) um Potterhead fervoroso! Ele está repleto de easter-eggs
de vários filmes da franquia Harry Potter e traz lutas e feitiços espetaculares
visualmente, e tudo com aquela emoção que somente esses filmes mágicos conseguem
proporcionar.
Um filme complexo. Assim podemos descrever “Os Crimes de
Grindewald”. Complexidade com grandiosidade. A direção de efeitos especiais
comandada por Hiram Bleetman e Mike Cahill está impecável, cada detalhe está no
seu devido lugar; o ato final do longa é uma explosão de cores e contrastes que
elevam o longa ao patamar de um dos filmes mais bem produzidos de toda o
universo mágico de J.K Rowling.
E por falar nela, a deusa J.K Rowling também falha, e nesse
filme a agora roteirista comete alguns deslizes ao decorrer da produção, com
sub-tramas jorrando na tela, e que apesar de possuírem uma coesão, acabam sendo
muito complicadas de se resolver em apenas um filme.
A ideia seria que com “Os Crimes de Grindewald”, o caminho
fosse pavimentado definitivamente para a construção de uma nova franquia, porém
o filme por vezes, parece querer resolver vários problemas no mesmo take.
A difícil relação do protagonista Newt(Eddie Redmayne) e de
seu irmão Teseu(Callum Turner) poderia ser mais explorada, assim como a relação
dos irmãos com Leta Lestrange(Zoe Kravitz), que passa grande parte do filme um
pouco “apagada”, mas alcança seu espaço próximo ao ato final; ápice esse que
apesar de dramático poderia ser ainda mais profundo se conhecêssemos melhor a
personagem.
Redmayne entrega o mesmo Newt amante dos animais e sem jeito
com as pessoas, extremamente humano em um mundo onde ser humano parece não ter
mais o mesmo significado de antes.
Os animais é claro, estão sensacionais. Seja no design
criado por Stuart Craig, ou nos efeitos de Bleetman/Cahill. O Pelúcio está de
volta ainda mais fofo e importante para o desfecho da trama.
Outro animal de grande destaque é o ZouWu, criatura que
escapa do circo das criaturas mágicas e causa um transtorno imenso no “beco
diagonal francês”.
O tronquilho de Newt também está de volta e vemos vislumbres
de criaturas magníficas que só poderiam sair da cabeça de nossa genial J.K.
Rowling.
A atração de Newt por Tina fica mais evidente a cada filme,
e isso mostra que aos poucos ele irá se distanciar das lembranças de Leta e irá
atrás de Porpentina. Katherine Watherston continua com as mesmas expressões de
sempre interpretando Tina, e a atriz apesar de possuir uma beleza clássica, não
provoca aquela empatia no público, e por vezes parece ser o patinho feio do
quarteto dos mocinhos.
Quarteto que é completado pela dupla Queenie(Alisson Sudol)
e Jacob(Dan Fogler). Esses sim, extremamente bem entrosados , e ditam o tom
humorístico do filme, assim como a parte dramática, que é de cortar o coração
no ato final do longa.
A química dos dois é incrível, e nesse ponto, o roteiro de
J.K tem sido muito generoso com o casal, entregando bastante tempo de tela, e
conflitos pessoais a serem resolvidos antes de pensarem em salvar o mundo.
A personagem Nagini, interpretada por Claudia Kim, parece
estar lá só para termos a nostalgia de ouvir seu nome entoado pela voz fria de
Voldemort em “Cálice de fogo”, porque no mais, a moça mal tem falas e serve
apenas como uma fiel escudeira para Creendence(Ezra Miler), que está de volta e
em busca de respostas sobre seu passado e encontrará; no que é possível que
seja o maior plot twist do filme.
Plot twist esse que vem pelas mãos dele, Gellert Grindewald!
O grande destaque do longa é Gellert Grindewald; interpretado de forma soberba por Johnny Depp, que calou a boca dos haters e entregou um
vilão que já amamos odiar. Destaque para as duas melhores cenas do longa, que
Grindewald protagoniza de forma brilhante, promovendo uma fuga épica de sua
transferência para Azkaban, e no final do filme, entoando um discurso que quase
nos convence a se aliar ao bruxo de tão eloquente e verossímil que são as
críticas de Grindewald ao mundo trouxa e todo o mal que é causado por todos nós
a cada um de nossos semelhantes.
Sem dúvida, Grindewald é o ponto alto do filme e traz uma
atmosfera vilanesca diferente de outros vilões de Harry Potter, sendo um homem
aparentemente muito mais preocupado com seus iguais do que Voldemort era. O
vilão de Animais Fantásticos parece muito mais disposto a dividir e conquistar
do que causar destruição a torto e a direito, e com seus discursos é muito
provável que os próximos filmes da franquia mostrem cada vez mais bruxos ao redor
da crença de Grindewald, para o Bem maior!
Depp tem a carreira marcada por personagens icônicos mas ele
tem a chance de se tornar algo diferente de tudo aquilo que ele já foi
interpretando Grindewald, e é nítido o esforço o apego ao papel que Johnny está
tendo, dando seu máximo para mostrar o seu retorno ao auge após aparições em
filmes menores e uma vida pessoal turbulenta.
SIM, GRINDEWALD ESTÁ MARAVILHOSO. MAS E O DUMBLEDORE?
Bom, se existe um homem que vejo como Dumbledore a partir de
hoje, é Jude Law.
Que homão da po**a! Que interpretação extremamente
calculada! Cada botão no seu paletó. Muito bacana essa abordagem que o diretor
David Yates deu a Law, como um Dumbledore menos excêntrico, mas com aquele
olhar de amigo que atravessa seus olhos e parece enxergar o que há dentro de
você.
Quando o castelo de Hogwarts é visto e a trilha sonora dos filmes de Harry Potter ecoa pelo cinema, sentimos aquele arrepio e fica difícil conter a emoção. E Alvo Dumbledore solene em seu escritório contribui ainda mais com toda essa atmosfera mágica.
Assim como fez com Harry, Dumbledore parece ter um novo
jogador número 1 em campo, e dessa vez seu braço direito é Newt Scamander; que
como um bom lufano tem a lealdade em seu sangue e fará de tudo para cumprir as
ordens de seu mentor, além de proteger seus fiéis companheiros de jornada.
E se Yates fez um bom trabalho com Dumbledore, sua direção segue muito crua e opaca, com excessivos enquadramentos nos personagens. Mas o que mais me incomodou é a superficialidade com que trataram personagens que poderiam dar muito mais em cena, principalmente Nagini e Creedence.
Um grande entrave que J.K irá enfrentar ao escrever os
roteiros dos próximos longas será a questão dos próprios animais fantásticos. É
muito bonito e interessantes vermos os animais em cena, e a maioria sempre traz
algo de novo a história, porém existem momentos que eles acabam diminuindo o
ritmo da trama, e são apresentados de forma muito rápida e sem nenhum motivo
específico, a não ser simplesmente aparecerem em cena.
Seria bem legal explorar mais esse mundo da magizoologia,
porém existem questões que mereciam ser muito mais aprofundadas no filme do que
algumas interações com as criaturas.
A complexidade deste longa acaba o deixando difícil de ser
assimilado por completo assim que a sessão acaba, e isso é gostoso por um lado,
pois abre o debate e o estímulo ao pensar, mas também pode causar confusão ao
mais desligados.
“Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald” é aquele
filme feito para fãs que amam e querem saber cada vez mais sobre a franquia,
porém acaba tropeçando em querer contar tudo em duas horas de longa. Com menos
tramas paralelas e um maior aprofundamento nos personagens secundários, poderia
ser um filme perfeito, mas por sua complexidade e certa dificuldade em
assimilação, não pode ser considerado mais que um bom filme para fãs".
NOTA: 7,5/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário