ENTRE O CHATO E O
ÉPICO,
O MAIS NOVO FILME
DO UNIVERSO TARANTINESCO!
Quentin Tarantino surgiu para o mundo cinematográfico na
década de 90; e desde sua primeira direção com o ótimo Cães de Aluguel, ele mostrou para o público e crítica que não era
um diretor qualquer. E com o lançamento dos filmes subsequentes Pulp Fiction, Kill Bill e tantos outros
ele reforçou ainda mais o seu estilo cinematográfico.
Cortes rápidos, enredos que se cruzam de forma não linear, e
claro, muito humor misturado a altas doses de violência. Uma salada mista que
culminou na aclamação de grande parte da crítica e uma legião de fãs fervorosos
e sedentos por mais de seus projetos.
Esta semana, chega aos cinemas brasileiros sua mais nova
produção; Era uma vez em Hollywood.
Filme que irá abordar o fim da década de 60 nos Estados Unidos, em especial, o
que isso afetou o clima de glamour hollywoodiano.
1969, um ano marcado pela ida do homem à lua, mas também
pelo brutal assassinato da estrela Sharon
Tate e de três de seus amigos, quando dava uma festa em sua residência na Sunset Boulevart, Los Angeles. Toda esta
atrocidade, comandada pelo icônico Charles
Manson e sua “Família” de seguidores criminosos.
Os assassinatos com requintes de crueldade, principalmente com
Sharon Tate, que fora esfaqueada dezenas de vezes em sua barriga, mesmo estando
grávida de oito meses chocaram o mundo, e foram eternizados em uma das mais
tristes páginas da história estadunidense.
E usando muito da imagem de Sharon Tate e Charles Manson que
o diretor Quentin Tarantino desenvolveu o roteiro de Era uma vez em Hollywood , que conta além das peças principais
deste acontecido brutal, com dois protagonistas criados especialmente para o
longa. Rick Dalton(Leonardo DiCaprio), um ator hollywoodiano, conhecido por
seus papéis em produções de Western, e seu dublê Cliff Booth(Brad Pitt), fiel
amigo nos sets de filmagem e fora dele.
A grande dúvida do público é saber se os acontecimentos da
vida real irão ser retratados fielmente nas telas. Bom, isso não revelaremos
neste texto, pois revelar este fato do roteiro, faria você perder um pouco do
impacto da melhor parte do longa, o seu ato final.
Resumindo, o final de Era
uma vez em Hollywood traz Tarantino em seu estado puro. Fazendo você
transitar por todas as sensações possíveis enquanto aprecia um grande elenco em
cena. É Tarantino sendo Tarantino!
Brad Pitt está impecável, e possui a melhor atuação do
longa. Destaque para suas cenas de luta, incluindo
um mano a mano com Bruce Lee!!!
A presença dele também é fundamental para a conclusão do
filme, e eleva este longa a se tornar um dos melhores trabalhos de Quentin
Tarantino pós anos 2000.
Leonardo DiCaprio também está muito bem como Rick Dalton, e
seu tempo para a comédia está maravilhoso. A principal ressalva em sua atuação
fica para as partes onde praticamente somos telespectadores de um filme dentro
de um filme.
As cenas que mostram o trabalho de Dalton são muito longas,
e vemos Tarantino tropeçar novamente no exagero já visto em suas últimas
produções. São cortes que não se encerram, e uma monotonia que nos chateia,
especialmente na segunda hora do filme.
À espera para o ato final vale muito a pena, este sim, com
cenas que entrarão para a galeria de grandes momentos escritos e dirigidos por
Quentin Tarantino.
Porém, essa monotonia e o tempo cozinhando durante uma boa
parte dos 157 minutos de filme arranham a imagem de perfeição que muitos tinham
pelos trailers divulgados.
O Charles Manson de Damon Herriman também dá as caras,
porém, sua participação no longa pode decepcionar uma parte do público. Este é
um exemplo de mau aproveitamento de um personagem, e de um intérprete que
poderia dar muito mais em cena.
Trazendo mais pontos positivos, temos Margot Robbie, como
sempre brincando de ser perfeita. Ela entrega uma Sharon Tate que representa a inocência da época dramatizada. Com muita
beleza, simpatia e um sorriso encantador, Margot passa em suas cenas a paixão
que Sharon tinha por seu trabalho; e o quão doce ela poderia ser para aquela
geração.
E por falar na geração de 60, a direção de arte(John Dexter) do longa está impecável,
com tudo que esta década hollywoodiana merece; restaurantes e cinemas
perfeitamente fiéis aos originais, carros, sets de filmagem, figurino(Phillip Boutte Jr.), trilha sonora(Holly Adams), efeitos visuais(Brian Adler), programas televisivos,
ufa... Tarantino fez mesmo a lição de casa e selecionou uma equipe de primeira
para o auxiliar.
Outros ótimos destaques do filme são a fofa Julia Butters, interpretando a pequena
Trudi, responsável por um ótimo diálogo com DiCaprio em um momento bad do ator. Al Pacino está sensacional como Marvin Schwarzs, e brilha em cada segundo
de tela.
O elenco que compõe a Família de Manson pode ser visto como
caricato ocasionalmente, mas no geral, têm boas atuações, e se levarmos em
conta a vida real, eles não eram as pessoas mais sãs do mundo, portanto um
senso de loucura sempre vêm a calhar nos momentos de tensão, com o destaque não
só as cenas do ato final, como do primeiro encontro de Cliff com o grupo no Rancho
Spahn. Dakota Fanning ressurge em uma atuação muito bacana, na pele de
Squeaky. Porém com o passar do longa, o braço direito de Manson, Tex(Austin
Butler) assume o posto de maior aparição da equipe.
O primeiro ato do filme é uma viagem no tempo de tão bem
construído, e também bebe muito da fonte de referências que Tarantino costuma
colocar em suas produções. O humor do filme está na medida certa. Nem é padrão
Marvel, nem se abstém; é o padrão ideal.
Certamente, o longa será lembrado em algumas das principais
premiações do cinema, embora não pareça que irá ser o queridinho que muitos
esperavam. Era uma vez em Hollywood
parte para ser mais um filme como Corra!
Ou Pantera Negra; muito populares,
porém na hora que a crítica especializada sentar e avaliar, irá acabar ficando
com categorias de premiações mais secundárias.
Com um roteiro um
pouco mais intenso, ou um melhor aproveitamento do tempo de duração, Era uma vez em Hollywood teria entrando
para o hall de grandes filmes da história, porém, com essas falhas que não são
nada novas para as produções de Tarantino, o longa fica um degrau abaixo de
onde poderia chegar. Ainda é ótimo e irá marcar esta geração, como praticamente
todos os filmes de Tarantino, mas ainda assim, não é brilhante.
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