A ANÁLISE DA
MAIS
NOVA OBRA-PRIMA
DA DC COMICS
“Tóxico,
irresponsável e violento”. Foi assim que vários críticos(uma meia dúzia)
definiram o filme Joker. Nós do Geek Resenhas já assistimos o filme, e podemos
afirmar: os críticos realmente estavam certos.
Claro que esta meia dúzia teceu estas palavras com um
sentido extremamente negativo do filme, porém elas podem ser vistas por um
outro lado, pelo copo “meio cheio”; ou melhor, por um copo de água fervente que
transborda e sai queimando todos a sua volta com uma intensidade absurda.
Esta é a febre Joker, no mais profundo sentido do
personagem. É a anarquia, é o ser do não-ser, é o Agente do caos, é o Palhaço
do Crime, e acima de tudo, é o filme do ano!
Joker, ou Coringa, no
bom português, é tóxico, irresponsável, violento, e acima de tudo... PERFEITO!
O comediante falido Arthur Fleck encontra violentos bandidos pelas ruas
de Gotham City. Desconsiderado pela sociedade, Arthur começa a perder a
sanidade a medida que vai deixando de ser ele mesmo, e se transformando cada
vez mais no criminoso Palhaço do Crime, conhecido como Coringa.
Por onde começar a
elogiar uma obra-prima?
Bom, podemos começar pela inspiração.
Todd Phillips cresceu nos anos 70 e 80, e apesar de ter
feito seu nome com filmes de comédia como os da franquia “Se beber, não case!”,
nunca escondeu de ninguém que é um aluno fervoroso da escola de Martin Scorsese. Um dos maiores
diretores de todos os tempos e responsável por épicos como Taxi Driver e O Rei
da Comédia; ambas obras muito referenciadas no longa do Coringa de Phillips; desde referências emblemáticas como um
programa de auditório ou um protagonista apontando uma arma para a televisão;
passando pela fotografia fria e depressiva, que representa perfeitamente os
conflitos internos dos personagens, e chegando até o ambiente sujo e sem
esperança, que cheira a sangue, suor e lixo. TEM COMO SER MELHOR?
CLARO QUE SIM!
Existem dois fatores principais que fazem de Coringa um novo
clássico não só de filmes baseados EM personagens dos quadrinhos, mas um
clássico do cinema geral. Em primeiro lugar, o homem por trás da maquiagem de
palhaço: Joaquim Phoenix. O astro entrega um Arthur Fleck com tantas camadas,
que é difícil não nos identificarmos com ao menos um de seus atos, em nosso
cotidiano.
Seu Coringa não chega nem perto do que fora as
interpretações anteriores do personagem. Não
é melhor, nem pior que Nicholson ou Ledger; é apenas distante delas; e tão
perfeita como essas interpretações também foram.
Não há espaço para comparações, e sim aplausos. Aplausos de
pé para uma interpretação que tirou o fôlego, tanto em momentos mais tocantes como
nas cenas com sua mãe, interpretada pela maravilhosa Frances Conroy, ou nas
cenas de violência e fúria a lá Travis Bickle.
Joaquim certamente não irá levar a estatueta do Oscar de
melhor ator para casa, muito por conta de minorias da mídia que destinam grande
parte de seu tempo e influência a fazer uma espécie de boicote à Joker, por
considerar a produção um chamariz que pode despertar o instinto mais selvagem e
caótico do ser humano; mal sabendo eles
que com uma breve olhada nos noticiários, já percebemos que isso já aconteceu
faz tempo, e sem ter nenhum filme para influenciar isso.
Entretanto, imagino que não foi a procura de prêmios que
Joaquim aceitou um papel tão intenso e perturbador. O ator, já premiado
diversas vezes por atuações em Gladiador, Ela e O Mestre, não escolhe seus
trabalhos com base em salários ou premiações, ele vai em busca do que mais
agrega ao seu intelecto profissional e que o ajude a evoluir como ator. O
Coringa é isso, um personagem icônico, e que carrega um peso enorme em seus
ombros, devido a sempre causar rebuliços na vida de quem o interpreta.
Agora chamado, Arthur Fleck, o Palhaço do Crime nos faz
mergulhar em uma camada de violência urbana e crua, ao melhor estilo que vemos
em nosso cotidiano. Com homens bons se tornando cruéis, o crime trazendo gordas
recompensas, e lágrimas sendo o ingrediente principal deste caos chamado Terra.
Phoenix é perfeito em sua atuação, e para quem ainda não
conhecia seu trabalho, Joker
entregará um soco no estômago como presente de boas vindas.
O outro fator crucial para o sucesso de Coringa, é a direção
afiadíssima e ousada de Todd Phillips. Afinal, um filme premiado, que mexe com
seus telespectadores(E ATÉ COM AS FORÇAS ARMADAS) de uma forma tão provocante
não poderia deixar de se tornar um clássico instantâneo. Temos hoje nos cinemas, o Taxi
Driver deste século, uma lição de como a visão do diretor ainda merece
ser respeitada. Aqui não temos uma obra puramente comercial ou com a famosa
“visão do estúdio”. Temos cinema no seu mais puro charme. Um lugar onde a criatividade,
a ousadia e a liberdade se casam perfeitamente com o talento, a veracidade e a emoção.
Poucos diretores fazem de seu trabalho, a sua mais pura
visão. Quentin Tarantino talvez seja uma das poucas exceções. Mas em Joker,
Todd Phillips entrega o que mais os telespectadores anseiam quando entram em
uma sala de cinema. Eles se surpreendem, se emocionam, e são marcados por
pancadas de frases e armas que certamente irão marcar por um bom tempo quem for
assistir o longa.
O terceiro ato também bebe muito da fonte de filmes de ação
dos anos 70, com cenas brutais e marcantes, que garantiram ao filme uma censura
de 18 anos, que neste caso, é muito correta.
O Coringa de Phoenix é ao mesmo tempo um homem injustiçado e "inocente", mas também capaz de atos terríveis e extremamente violentos.
Intenso e maquiavélico, Joker coloca um sorriso no rosto de quem o presencia e deixa aquele gostinho de saber o que este personagem seria capaz de fazer com um adversário tão insano quanto ele, um certo Morcego de Gotham talvez?!!
O Coringa de Phoenix é ao mesmo tempo um homem injustiçado e "inocente", mas também capaz de atos terríveis e extremamente violentos.
Intenso e maquiavélico, Joker coloca um sorriso no rosto de quem o presencia e deixa aquele gostinho de saber o que este personagem seria capaz de fazer com um adversário tão insano quanto ele, um certo Morcego de Gotham talvez?!!
Sem trazer muito dos quadrinhos para as telas, Phillips
entregou um estudo de personagem que agrega mais valor a cada novo desenrolar
da trama, e com participações pontuais da lenda Robert De Niro(Taxi Driver) e
do ótimo Brett Cullen(Batman: The Dark Knight Rises).
Uma das cenas mais deliciosas das pouco mais de duas horas
de duração da produção, é justamente o programa de auditório comandado pelo
personagem de Robert De Niro. Impossível não se lembrar de seu icônico Rupert
Pupkin em O Rei da Comédia, e sua obsessão em estrelar o programa da lenda
Jerry Langford(Jerry Lewis). Em Joker esta cena além de referenciada, é marcada
por um dos pontos mais altos do longa, com Joaquim Phoenix, distribuindo para o
público, o que o Coringa distribui de melhor: uma bela combinação doentia de
Alan Moore + Frank Miller!
Assim como fizera há alguns anos atrás em V de Vingança, e
na trilogia do Batman de Christopher Nolan, a DC convida os mais “grandinhos” a
mergulhar nas páginas dos quadrinhos, e ver em naqueles personagens muitos mais
da cinza realidade em que vivemos do que das páginas coloridas que são contadas
por aí.
Dirigido por Todd Phillips e estrelado por Joaquim Phoenix, Coringa
já está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, e promete fazer história na
sétima arte, com uma atmosfera densa e urbana que traz inspirações em clássicos
do cinema, mas agora, com um vilão vindo direto dos quadrinhos, que trará muita
loucura e violência para as telas ao melhor estilo Scorsese.
O longa já faturou o prêmio de melhor filme do Festival de
Cannes, e se tornou a aposta da Warner para a corrida do Oscar. Portanto não perca tempo e garanta logo
seu ingresso!
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