A ANÁLISE
DO ÚLTIMO EPISÓDIO DO ANO
Após um hiato de mais de um semestre, The Walking Dead
finalmente retornou para seu episódio de despedida do ano, e o último da décima
temporada(ou será que não?).
Temporada essa que não conseguiu repetir o êxito de sua antecessora, e entregou momentos que oscilaram entre o ótimo e o deplorável. Se os primeiros episódios situaram a trama de uma forma muito coesa, com o aproximar da Grande Guerra dos Sussurradores, os episódios se tornaram cada vez mais fracos, e salvo os grandes episódios Morning Star e Walking with us, a segunda parte da décima temporada foi uma escorregada da showrrunner Angela Kang, que até o momento não havia errado em praticamente nenhuma decisão, desde que assumiu o cargo deixado por Scott Gimple.
O season finale,
ou apenas o décimo sexto episódio da temporada(já que foi confirmado que
teremos mais seis episódios especiais ao longo de 2021, ainda ligados a essa
temporada) entregou o que The Walking Dead vêm entregando durante toda a
temporada, uma verdadeira montanha-russa de sensações.
Claro que você quer saber se a batalha final contra os
Sussurradores foi o que se esperava. Bom, aí depende do que você esperava.
Sem dúvidas, a direção de arte do episódio está muito boa, e
quase acreditamos que existem milhares de figurantes ali naquele pequeno
espaço. Seja em meio a uma floresta, ou na beira de um precipício, tudo foi
montado com muito cuidado. Ponto para a AMC e para a direção minuciosa da lenda
Greg Nicotero!
O adversário é gigante, e por vários momentos nos sentimos
agoniados com tamanho poder de Beta e sua horda gigantesca. As cenas com os personagens
se camuflando em meio a um caos de mortos-vivos e Sussurradores foram muito bem
dirigidas e tornaram a primeira metade do episódio, algo muito fluído e que
atiçou nossa curiosidade para saber onde tudo isso iria dar.
Algo que “A certaim
doom” acerta é nos momentos de maior emoção. A interação de Carol com Daryl
e Lydia, é emocionante; ainda mais para quem acompanha esses personagens há
tantos anos, e sabe que em cada olhar que eles trocam, existe muita história
por trás. Melissa McBride, Norman Reedus
e Cassady McLincy são impecáveis em seus papéis, e merecem muito carinho
dos walkers de plantão. É muito por causa deles que The Walking Dead ainda sobrevive
mesmo após longas quedas de audiência nos últimos anos.
Bom, não só por eles, mas também por um tal Jeffrey
“DEUS” Dean Morgan, maravilhoso em todos os papéis que traz em sua
carreira, e dono de um Negan que mistura fibra e melancolia de uma forma tão
profunda, que somente o nosso Batman dos sonhos consegue fazer!
Mas, como disse no começo do review, o episódio oscila, e
quando pensamos que teremos mais cenas e encontros épicos, tudo se resume em
uma solução complicada demais, e executada com paciência de menos.
A luta envolvendo Beta, Negan e Daryl poderia ser gigante,
mas não foi nada comparado ao que já tínhamos visto em Chokepoint.
E se as soluções de combate foram muito afobadas, a aparição
de certos personagens foi um verdadeiro fan
service inconveniente. Os retornos de Maggie, Virgil e uma outra
personagem(sim, ela mesmo) foram tão jogados na trama, que fica difícil não se
perguntar se Angela Kang não revisou esse roteiro(assinado por Jim Barnes, Eli
Jorne e Corey Reed) . Nem ao menos aquele grande embate que queríamos tanto
ver, foi entregue. É Maggie, vai ter que esperar mais um pouco!
Muita expectativa e pouca realidade. Pior que isso, só
aquela “explicação inexplicável” do
oitavo episódio da temporada, do traidor Dante passar despercebido no grupo por
tanto tempo.
A ousadia que tanto nos empolgava nos primeiros anos do show
passou longe daqui, e faltou mais mortes e senso de urgência. Personagens que
pensávamos estar se despedindo do show, estenderam mais um pouco sua
participação na série, e mesmo que você seja um daqueles fãs que não suportam
ver seus personagens favoritos baterem as
botas, é inegável que este é sempre um momento que eleva a emoção de
qualquer produção, e The Walking Dead sempre soube aproveitar muito bem esse
fator e brincar com nossos sentimentos.
Se serve de consolo, a cena final do grupo de Eugene sendo
encurralado por uma nova leva de personagens foi praticamente retirada quadro a
quadro das histórias em quadrinhos que inspiram o show. Um alento para quem
estava carente da série desenhada que marcou época e que fora encerrada há
pouco mais de um ano.
Com mais de ousadia e um melhor tratamento no roteiro, The
Walking Dead encerraria a décima temporada com uma ótima impressão de
aprendizado, mas apesar de todos os equívocos de Angela Kang, este ainda é o
melhor décimo sexto episódio da série nos últimos anos.
Como diria o chef Jacquin,
faltou “tumpero”, mas agradou.
The Walking Dead tem encerramento confirmado para a sua décima primeira temporada, e até lá, tudo pode acontecer. Vamos torcer para que Kang tenha aprendido com seus erros e retorne o mais rápido possível com episódios intensos e imprevisíveis, como aqueles que foram vistos na nona temporada, e que reacenderam a chama no peito de muitos walkers, já desanimados com as decepções de anos passados.
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