“Um cineasta(Washington) volta para casa com sua namorada(Zendaya) após a estreia de seu mais novo filme. Enquanto aguarda a publicação das críticas do projeto, a noite muda repentinamente quando revelações sobre seus relacionamentos começam a vir à tona, testando a força do amor do casal.”
Escrito e dirigido por Sam Levinson, Malcolm & Marie
possui “apenas” dois atores em cena. As aspas, neste caso, são para reforçar
que não é um “apenas” pejorativo. Muito pelo contrário, está para mostrar que é
exatamente neste “apenas”, que o filme encontra sua maior força.
John David Washington(Tenet) é Malcolm; Zendaya(Euphoria) é
Marie. E resumindo a história... QUE
ATUAÇÕES DA P****!
Malcolm é um diretor imerso em seu mundo de preocupações,
sem sossegar até finalmente saber o que a crítica “especializada” achou de seu
mais recente trabalho. Em meio a um certo otimismo, que passa por insegurança,
alegria, inquietação e fúria; cada tom ditado pelo roteiro evidencia o quão
instável é a mente de quem depende de seus avaliadores para assumir o sucesso
de um projeto, e que mesmo sendo alvo de elogios, ainda não se satisfaz com quem
não suga de sua obra, o que ele queria que o indivíduo sugasse.
Inevitável isso não acontecer, afinal, a arte só é arte,
quando o espectador a define como arte, e não podemos fazer com que a mente de
cada pessoa se assemelhe a sua, pois cada um de nós interpreta cada projeto
artístico de uma certa forma, e mesmo entre duas pessoas que avaliaram bem esse
projeto, pode ter nuances de pensamentos distintos, que as levaram a gostar
daquilo exposto.
Malcolm não se satisfaz com o que é exposto no texto do LA Times,
e mesmo com a crítica exaltando sua produção, ainda não é o suficiente para
aquietar seu ego.
A atuação de Washington é precisa e mostra o quão o ator
evolui de um projeto ao outro, construindo uma carreira, até este ponto,
impecável. Infiltrado na Klan, Tenet e Malcolm & Marie são projetos
extremamente marcantes do ator, que mostra a cada nova alçada em sua filmografia,
que herdou o dom do pai, Denzel Washignton; e caminha para sair das sombras do
grande ator.
A direção intimista de Sam Levinson nos imerge na trama de
uma forma muito envolvente, e torna inadmissível que o Globo de Ouro não tenha
olhado com mais carinho para esta produção. O fato da produção ser distribuída
pela Netflix pode ter colaborado para um certo descaso por parte dos mediadores
da premiação, já que a gigante do streaming encabeçou seis grandes produções
entre os indicados nas diversas categorias cinematográficas, e Malcolm & Marie pode ter sido deixado
de lado, simplesmente pela mãe não poder dar a mesma atenção para todos os
filhos. O que pode ter se mostrado um grande erro na conta da Netflix, ainda
mais com protagonistas muito populares como Washington e Zendaya, que atrairiam
muitos olhares para a premiação.
E por falar em Zendaya, a moça está um arraso. Ela é
intensa, sexy, frágil, forte e mais tudo o que você imaginar de Marie.
Dependente química durante boa parte de sua vida, e ainda
convivendo com os fantasmas de seu passado, Marie é uma mulher insegura, e que
trata seu marido como o homem que está ali apenas por ser algo que atiça sua
mente a fazer mais projetos, por Marie ser uma grande fonte para um cineasta
que quer dramatizar uma protagonista enfrentando o vício nas drogas.
Muito do que a personagem Imani reproduz no filme
dirigido por Malcolm, vem do passado de Marie, e isso a faz se sentir sendo
usada por seu marido, como uma espécie de consultora da obra, ao invés, de
alguém que poderia dialogar em mão dupla com o diretor, ouvindo e sendo ouvida,
e até mesmo, protagonizando a produção.
Os conflitos do casal são intensos e permeiam toda a trama, que
em certos momentos, parece dar voltas, e tira um pouco do ritmo da trama, mas
que no final nos compensa com um ótimo entretenimentos, inserindo conflitos que
me lembraram muito o “História de um
casamento”, também projeto da Netflix, e que foi a aposta da produtora no
Oscar passado.
Malcolm & Marie é
um retrato intimista sobre a vida não só de um diretor de cinema ansioso pela
recepção de seu mais novo projeto, mas um retrato da vida de um casal que ainda
não superou os fantasma do passado de cada um, e que descarrega no momentos
mais inoportunos, tudo nos ombros de seu amante. A produção já está disponível
na Netflix.
Nenhum comentário:
Postar um comentário